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Mesmo após seis derrotas seguidas, parte do MDB ainda admite disputar governo

Mesmo após seis derrotas seguidas em eleições para o governo de Goiás, tem gente no MDB que ainda defende candidatura própria majoritária em 2022. Esse grupo minoritário tem o deputado estadual Paulo Cezar Martins, vice-presidente da executiva estadual, e o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, à frente do movimento.

Defenestrado do poder em 1998, o MDB nunca mais venceu, perdendo eleições seguidas com Iris Rezende (1998, 2010 e 2014), com Maguito Vilela (2002 e 2006) e com Daniel Vilela (2018).

Os emedebistas venceram em 1982, 1986, 1990 e 1994 a corrida ao Palácio das Esmeraldas, a partir do retorno das eleições diretas ainda no regime militar. Mas o partido foi “apeado” do governo de Goiás em 1998, com a histórica vitória de Marconi Perillo sobre Iris Rezende, e não conseguiu mais voltar. Mais uma vez, a história mostrou que enfrentar uma máquina administrativa não é tarefa fácil para a oposição.

Em 2018, Ronaldo Caiado quebrou essa tendência, como representante da oposição, ganhando o pleito na disputa direta com o governador José Eliton (PSDB). É exatamente em razão desse quadro que o ex-deputado federal Daniel Vilela e o ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende saíram a campo em defesa de aliança do MDB com o DEM do governador Ronaldo Caiado nas eleições do ano que vem, com o objetivo de revigorar o partido e eleger bancadas para a Câmara Federal e Assembleia Legislativa.

Daniel e Iris sustentam que a composição permitiria ao MDB se preparar para a disputa ao governo de Goiás em 2026, criando ambiente eleitoral para retornar ao poder. Os cardeais do MDB justificam também que, em razão da fragilidade eleitoral do partido – que hoje não tem senador e deputado federal eleito, apenas quatro deputados estaduais e número reduzido de prefeitos – seria insensatez o lançamento agora de candidatura ao governo do Estado.

Outro argumento dos líderes emedebistas contra a candidatura própria a governador: aliar-se ao algoz de passado recente – o PSDB do ex-governador Marconi Perillo – seria uma temeridade política e autofágica. Levantamento feito junto aos prefeitos do MDB mostra que 80% querem aliança com o DEM de Ronaldo Caiado e apoio à reeleição do governador. “Temos que crescer o MDB, torná-lo competitivo e para isso precisamos estar ao lado do governador Ronaldo Caiado em 2022. A partir daí sim, vamos pensar em chapa majoritária própria”, diz o prefeito Pábio Mossoró, de Valparaíso de Goiás.

Outra tese contrária ao lançamento de candidatura própria apresentada por lideranças municipais do MDB: nas seis derrotas do partido para o Palácio das Esmeraldas, nomes de peso como Iris Rezende e Maguito Vilela, ex-governadores, foram candidatos e, mesmo assim, acabaram derrotados nas urnas.

O MDB não tem um nome competitivo para enfrentar o governador Ronaldo Caiado, que desfruta de elevados índices de popularidade. Aventureiros como Gustavo Mendanha, Sandro Mabel e Paulo Cezar Martins não têm expressividade eleitoral capaz de uma disputa ao governo de Goiás, dizem os prefeitos

Mendanha: sem luz própria

O prefeito Gustavo Mendanha é avaliado pelos círculos mais lúcidos do MDB como um político sem luz própria, pois se elegeu em Aparecida, por duas vezes, graças à influência de Maguito Vilela. É visto também como um ídolo que tem pés de barro, já que sua gestão até hoje não conseguiu uma marca nem é responsável por alguma obra de expressão.

Mabel: excesso de desgaste

O ex-deputado federal Sandro Mabel encerrou a sua carreira política em 2010 e atualmente dirige a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), mas ainda carrega um fardo pesado de desgastes políticos em razão de escândalos como o Mensalão, por exemplo. Não tem também, no currículo, nada de positivo que tenha feito para Goiás.

Paulo Cezar: provinciano

Paulo Cezar Martins exerce influência política apenas em alguns municípios do Sudoeste Goiano, não tem amplitude e prestígio estadual. É tido como um político provinciano, voltado apenas para o seu projeto de manter o mandato de deputado estadual. Paulo Cezar não integra nenhum grupo político do MDB e faz “carreira solo” no partido.

Aliança com Caiado é vista como chance para revigorar o partido

Uma eventual aliança do MDB com o DEM do governador Ronaldo Caiado em 2022 pode assegurar uma vitória para o Senado e também a conquista de cadeiras à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa, restabelecendo a força do partido em Goiás. Em “raia própria”, lançando candidato a governador, o MDB corre o risco de seguir “desidratado”, sem expressão no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa, por exemplo.

A mão estendida do Palácio das Esmeraldas é um gesto de cooperação aos emedebistas, hoje sem perspectivas eleitorais maiores, principalmente após a morte do ex-prefeito e ex-governador Maguito Vilela e a aposentadoria política do ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende. É fato real: a ausência de Maguito e Iris causou impacto negativo no MDB goiano e as lideranças nos 246 municípios goianos sentem o revés e o enfraquecimento do partido.

Fora do poder em Goiás desde 1998, os emedebistas geram a expectativa de que o partido, com o apoio à reeleição do governador Ronaldo Caiado, voltaria a participar do poder, com valorização dos quadros da legenda em todo o Estado. Com o resultado da convenção do dia 18 próximo, o MDB vai sinalizar se pretende aliar-se ao DEM do governador Ronaldo Caiado ou aventurar-se em candidatura própria e incerta ao governo de Goiás. (H.L.)

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