Aparecida

Editorial do Diário de Aparecida: Subserviência

É assustador que Aparecida tenha hoje uma classe política que renunciou à sua missão de representar os interesses da população em troca de benefícios diretos junto à prefeitura. Com um secretariado onde estão disponíveis 27 pastas e um estoque de cargos comissionados de altos salários como não se vê em outras estruturas de poder, todos os vereadores, ex-vereadores, suplentes, presidentes de partidos e apaniguados em geral foram agasalhados na folha de pagamento municipal, retribuindo com o silêncio da subserviência e da aceitação passiva de tudo o que o chefe do Executivo decide, sem questionamentos.

Acreditem os leitores do Diário de Aparecida: dentre os 25 vereadores aparecidenses, nenhum é de oposição. Todos estão na base do prefeito, o que priva o espaço do Poder Legislativo até mesmo do necessário debate sobre os temas relevantes para a sociedade, uma vez que há o receio de desagradar o prefeito Gustavo Mendanha com uma crítica qualquer, ainda que ligeira e superficial ou quem sabe acidental.

Toda unanimidade é burra, escreveu o dramaturgo Nélson Rodrigues. Tomamos a liberdade de acrescentar: é também nociva e deletéria quando se dá no proscênio da política, pois frustra o encaminhamento dos verdadeiros interesses coletivos em detrimento de vontades e satisfações pessoais, em geral inconfessáveis.

Os governantes que buscam o consenso total em torno da sua atuação, como é o caso de Aparecida, esse retribuindo com vagas na folha de pessoal, precisam estar conscientes de que a História, que nada perdoa, não vai permitir que as biografias envolvidas saiam sem manchas.

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