Brasil

“Incertezas e ruídos da política estão influindo nas expectativas de inflação”

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ontem, 19, que ruídos no cenário político têm levado o mercado a aumentar as projeções de inflação do Brasil. “Há muito ruído na parte do funcionamento institucional do Brasil, a briga entre Poderes”, destacou em palestra virtual do Council of the Americas.
Para Campos Neto, as turbulências têm feito com que as perspectivas em relação à situação econômica do País no mercado sejam consideravelmente diferentes das análises técnicas do Banco Central. “Nós percebemos que a desconexão entre os números que nós vemos no mercado e os números que nós temos internamente é maior do que a de costume”, acrescentou.
O último Boletim Focus, pesquisa feita pelo BC com especialistas do sistema financeiro, mostrou que a previsão do mercado para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu de 6,88% para 7,05%. Para 2022, a estimativa de inflação é de 3,90%.
As mudanças anunciadas pelo governo federal no Programa Bolsa Família também ajudaram, na avaliação do presidente do BC, a trazer incertezas para os operadores do mercado. “Quando o governo explicar o que o Bolsa Família vai ser e como vai se pagar por ele, isso vai acabar com algumas incertezas que nós vemos no mercado”, disse.
A medida provisória que criou o novo programa, chamado de Auxílio Brasil, não é clara sobre as fontes de recursos. Parte virá do parcelamento dos precatórios previsto por parte de um fundo que será criado com recursos de privatizações.
Campos Neto disse que serão feitos todos os esforços para manter a inflação dentro das metas. “Se tem algo que impacta o crescimento sustentável em médio e longo prazo é inflação, que age de modo perverso em muitos aspectos”, disse ao ser perguntado sobre os possíveis impactos das taxas de juros nos índices de emprego e crescimento econômico.
Para o presidente do BC, o descontrole nos preços, inclusive, é um dos fatores que aumentam a desigualdade social. “Pessoas que têm mais dinheiro estão mais protegidas da inflação das que têm menos dinheiro. Isso cria desigualdade. E o governo, para compensar essa desigualdade, tem que gastar mais.”

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