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Em uma semana, queimadas disparam 152% em Goiás

Para o gerente do Cimehgo, André Amorim, o crescimento exponencial confirma agosto como um dos períodos mais críticos da estiagem em Goiás.

As queimadas dispararam neste mês de agosto em Goiás. De acordo com dados do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), o número de focos saltou de 288 para 728, de 11 a 24 deste mês — um aumento de 152% em apenas uma semana.

Apesar disso, o total acumulado do mês continua menor que o observado em 2024, quando os registros já ultrapassavam 1,3 mil focos no mesmo período.

A análise da série histórica mostra que, neste mês, logo nos três primeiros dias, 27 focos foram registrados. O número rapidamente escalou para 142 na segunda semana, 288 na terceira e chegou a 728 na quarta semana. Para o gerente do Cimehgo, André Amorim, o crescimento exponencial confirma agosto como um dos períodos mais críticos da estiagem em Goiás.

A explicação para o avanço está diretamente relacionada ao chamado fator 30-30-30 — combinação de temperaturas acima de 30 °C, umidade relativa do ar abaixo de 30% e ventos acima de 30 km/h. Amorim destaca que, quando essas três condições ocorrem simultaneamente, o risco de propagação do fogo aumenta de forma explosiva, transformando pequenos focos em grandes incêndios.

Outro agravante é a estiagem prolongada. Em Goiás, o boletim mostra que as regiões norte e oeste estão há 112 dias consecutivos sem chuvas, o que favorece o ressecamento da vegetação. O cenário é semelhante na região leste, que soma 110 dias sem precipitações. Já nas regiões Central, Sudoeste e Sul, são 61 dias de seca contínua.

Tendência de redução e a exceção de 2024

Nos últimos anos, Goiás vinha registrando reduções significativas na área queimada. De 2021 a 2023, os relatórios do Cimehgo apontaram queda de cerca de 60% no total de áreas atingidas, resultado de ações de monitoramento, reforço no tempo de resposta aos focos e do trabalho integrado de brigadistas, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e órgãos ambientais.

Em 2024, porém, os números voltaram a subir. Amorim explica que se tratou de um ano atípico, marcado por uma onda de incêndios criminosos em diferentes regiões do Brasil e influências do fenômeno El Niño.

“Nós começamos a ter no país uma série de incêndios criminosos, que também tentaram afetar Goiás. Naquele momento foi montada uma força-tarefa pelo Governo do Estado, coordenada pela Semad, o que garantiu que, mesmo com o aumento dos focos, o número máximo não fosse ultrapassado”, afirmou.

Para 2025, a expectativa é de normalização dos índices. Embora agosto apresente forte crescimento semanal de focos — o que já é esperado pelo avanço da estiagem — os números seguem abaixo do registrado no ano passado, reforçando que o trabalho de prevenção e combate vem garantindo resultados mais consistentes.

Queimadas criminosas e conscientização

Amorim também chamou atenção para a ação humana como causa predominante: “O fogo pode nascer de uma simples queima de lixo ou de um incêndio criminoso em áreas maiores. Em ambos os casos, os prejuízos são enormes: empobrecimento do solo, perda de biodiversidade, poluição do ar e risco direto à saúde das pessoas. Por isso, reforçamos: fogo não é solução, é crime”.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) lembra que está em vigor o decreto estadual que proíbe queimadas durante o período de estiagem, com penalidades previstas em lei para quem descumprir. A secretaria reforça ainda a importância da conscientização coletiva: “A população é parte fundamental nesse combate. Evitar o uso do fogo significa preservar o Cerrado e proteger vidas”.

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