Operação Straw Man desarticula esquema de R$ 250 milhões em Goiás
Investigação aponta que trabalhador rural é sócio em oito empresas e acumula débito de R$ 17 milhões
A Operação Straw Man, deflagrada nesta terça-feira (26), desarticulou um esquema milionário de sonegação fiscal em Goiás que utilizava empresas de fachada, conhecidas como “noteiras”, para emitir notas fiscais fraudulentas e ocultar o recolhimento de tributos. De acordo com levantamento preliminar, as empresas investigadas movimentaram cerca de R$ 250 milhões nos últimos cinco anos.
A ação foi conduzida pela Secretaria da Economia, por meio da Receita Estadual, em parceria com a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra a Ordem Tributária (DOT) e a Promotoria de Defesa da Ordem Tributária do Ministério Público de Goiás. Durante o cumprimento dos mandados, foram presos o proprietário de uma distribuidora atacadista de materiais de construção, um técnico em contabilidade e um sócio considerado “laranja”. Também foram realizadas buscas e apreensões em seis endereços, localizados em Goiânia e Uruana.
Segundo a investigação, uma das empresas estava registrada em nome de um trabalhador rural e acumula débito de R$ 17 milhões já inscritos em dívida ativa. O mesmo homem aparece como sócio em outras oito companhias. “Identificamos faturamento de R$ 250 milhões em cinco anos, com dívidas já inscritas de R$ 17 milhões. Com o avanço das apurações, esse valor pode chegar a R$ 40 milhões em impostos e multas”, explicou o auditor fiscal Wagner Machado, supervisor da Delegacia Regional de Fiscalização de Goiânia.
O delegado Bruno Silva informou que as apurações comprovaram a associação entre o empresário e o contador para usar o trabalhador rural como laranja, registrando ao menos nove empresas de fachada. “Reunimos provas documentais e patrimoniais que demonstram a sonegação milionária e a ocultação de bens”, destacou.
As investigações também revelaram que o atacadista estava cadastrado no Simples Nacional, como empresa de pequeno porte, mas usava o grupo de noteiras para emitir notas fictícias e mascarar o faturamento real. “As provas colhidas pelo Fisco e pela Polícia Civil, com autorização judicial, robustecem as suspeitas sobre as fraudes praticadas pela empresa principal, que responsabilizou terceiros para suportar as autuações fiscais”, afirmou o superintendente de Fiscalização Regionalizada em exercício, Montaigne Mariano de Brito.
Os investigados poderão responder por crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Os mandados foram cumpridos em Goiânia, com participação dos delegados Alexandre Alvim Lima, Gilson Mariano e Bruno Silva.