A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) criticou a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 15%, mesmo diante de indicadores que apontam desaceleração da inflação e estabilidade nas expectativas econômicas. Para a entidade, a postura adotada pelo Banco Central carece de coerência com o atual cenário macroeconômico e impõe obstáculos desnecessários à retomada da atividade produtiva.
Segundo a Fieg, o Relatório Focus vem sinalizando estabilidade nas projeções de inflação, câmbio e crescimento, com viés de baixa para os principais índices de preços. A manutenção dos juros em patamar tão elevado, diante desses dados, evidencia uma desconexão entre a política monetária e as condições reais da economia. “Há um descompasso entre os fundamentos técnicos e a decisão do Copom. Isso compromete a competitividade da indústria e desestimula o investimento produtivo”, avalia a entidade.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o IPCA recuou para 0,24%, mesmo com a pressão de alguns alimentos e da conta de energia. Com o resultado, o indicador acumula alta de 5,35% em 12 meses, acima do teto da meta contínua de inflação.
A federação também chama atenção para os efeitos práticos da taxa de juros elevada, sobretudo para setores de capital intensivo e voltados à exportação. Com o crédito mais caro, empresas enfrentam dificuldades para financiar inovação, ampliar capacidade produtiva ou acessar novos mercados. O custo elevado mina a confiança empresarial e adia planos de expansão, com reflexos diretos na geração de empregos e no crescimento econômico.
O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Isso porque juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico. No último Relatório de Política Monetária, o Banco Central elevou para 2,1% a projeção de crescimento para a economia em 2025.
O mercado projeta crescimento um pouco melhor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,23% do PIB em 2025.
Diante do cenário, a federação defende uma reorientação da política monetária, com redução gradual da Selic e adoção de medidas coordenadas de estímulo à produção. “É preciso sensibilidade para compreender que decisões de gabinete têm reflexos diretos na ponta da economia. A indústria precisa de fôlego, e manter a Selic nesse nível é sufocar a retomada”, conclui a Fieg.
*Com informações de Agência Brasil.