Goiás e Japão avançam em cooperação para exploração e processamento de terras raras

O governador Ronaldo Caiado recebeu nesta quinta-feira (28/8), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, a comitiva da Embaixada do Japão no Brasil para tratar da exploração e processamento de terras raras em Goiás. Ao final do encontro, o embaixador Teiji Hayashi avaliou o diálogo de forma otimista e falou em avanço concreto para acerto de parceria.

As reservas goianas representam cerca de 25% da disponibilidade mundial de óxidos de terras raras (OTR), insumo considerado fundamental para tecnologias de ponta, como turbinas eólicas, veículos elétricos, baterias e equipamentos de alta performance.

O governador destacou que Goiás não pretende ser apenas exportador da matéria-prima. “Precisamos avançar também no processamento e no refino das terras raras, etapas hoje dominadas pela China”, afirmou Caiado, reforçando que o Estado oferece agilidade no licenciamento, com prazo de até três meses para liberação de pesquisas ou instalações.

Expansão de investimentos

Durante a visita, a comitiva japonesa confirmou agendas em Minaçu, Nova Roma e Aparecida de Goiânia, onde conhecerão empreendimentos já em operação e projetos em expansão.

• Em Minaçu, a Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM) já produz em escala comercial elementos como disprósio, térbio, neodímio e praseodímio.

• Em Nova Roma, o investimento no processamento de argilas iônicas deve alcançar R$ 2,8 bilhões, com geração estimada de 5,7 mil empregos.

• Em Aparecida de Goiânia, a multinacional chilena Aclara Resources inaugurou, em abril, uma planta fabril com aporte inicial de R$ 30 milhões.

O embaixador Teiji Hayashi ressaltou que a visita busca aprofundar laços econômicos e explorar possibilidades de cooperação. A missão inclui também uma ida à planta fabril da Aclara e reuniões institucionais.

O governador lembrou ainda da recente sanção da Lei nº 23.597, que criou a Autoridade Estadual de Minerais Críticos. A medida estabelece governança para todas as etapas da mineração e permite a criação de um fundo de pesquisa, com possibilidade de participação japonesa.

“O governo japonês poderá, com a tecnologia que tem, implantar aqui conosco o refino, a separação dos produtos ou contribuir para esse fundo, ampliando nossa capacidade de pesquisa”, explicou Caiado.

Caminho iniciado no Japão

As negociações tiveram início em missão comercial realizada entre 11 e 21 de julho, quando Caiado esteve em Tóquio com o ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Ogushi Masaki. Desde então, o governo japonês manifestou interesse em parcerias estratégicas com Goiás.

Segundo Yuzo Yamaguchi, diretor do Mineral Resources Division, o estado se destaca no cenário global. “Entre todas as nossas procuras, vimos aqui no Brasil e principalmente em Goiás a grande chance de atender à nossa demanda de terras raras pesadas. É um material imprescindível para motores, peças eletrônicas e a indústria automobilística”, afirmou.

O secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, reforçou que a meta é consolidar a cadeia de valor dentro de Goiás. “Não queremos apenas exportar o concentrado. Queremos que a separação e o refino sejam executados aqui”, disse.